segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"estranho é gostar tanto do seu all star azul..."


Dia desses, vindo da escola, escutei Inimigos da Hp no som e foi inevitável não lembrar de você. Sorri lembrando da sua assustadora revelação que causou pelo menos uns bons minutos de risadas. Senti saudades, confesso. Saudades desse pouco menos de um ano em que nos falávamos todos os dias, das nossas risadas intermináveis, das novidades do fim de semana e até mesmo das suas ligações rapidinhas só pra me contar que estava havendo uma farra com amigos em comum, nossos. Lembrei dos planos de feriado prolongado, das longas conversas pelo msn, das ligações fora de hora ‘só pra saber se estava tudo bem’. E aí eu lembrei da sua fraqueza com tequilas e afins, do ronco negado no dia seguinte, de como eu me sentia segura quando tinha você por perto. Lembrei das longas horas de carro pra me satisfazer uma vontade, da noite estrelada, do seu cansaço. Lembrei das nossas confusões, da nossa cumplicidade, das similaridades e também das divergências. Lembrei da sua mania de acenar para desconhecidos na estrada, da sua cara abusada quando o som era o meu, da sua mão pesando sobre a minha perna quase full time. Lembrei da goiabinha com coca-cola, do Milk and Mellow, do barzinho, do jeito de sorrir, da balada. Lembrei de você na porta do hotel me suspendendo pelas costas num golpe inacabado, me trazendo a nítida impressão de que sim, a gente era um só. Lembrei do meu anel que ficou por aí, do seu boné que ficou por aqui, de um álbum de fotos em comum, de muitas horas longe e algumas poucas perto. Lembrei de algumas surpresas, decepções e de uma mágoa. Mas dessa eu já fiz questão de esquecer.Você é um cara que se precisa desvendar a cada dia. Descobrir o que você realmente esconde por trás das suas gírias atropeladas e do seu jeito moleque de ser, não é tarefa fácil. Essa sua sede de fazer tudo que quer, conhecer todas as pessoas, comer todas as coisas boas, provar todas as bebidas, ouvir todas as músicas, viver todos os minutos como se fossem os últimos, fazem de você um cara único. Com você eu aprendi o sentido da palavra intensidade. Você e seu eterno bom humor, sua penca de amigos, seu ânimo pra topar qualquer loucura a qualquer hora. Você e suas tiradas surpreendentes, seu raciocínio rápido, sua capacidade de desconcertar qualquer pessoa se realmente quiser fazê-lo. Você e sua atenção com quem te interessa, sua ironia com quem te irrita, sua indiferença com quem não te importa. Você e seu culto ao corpo, seu pouco caso com a saúde, sua persuasão pra convencer qualquer pessoa de qualquer coisa. Você e o feijão irado da sua vó, sua mania de suco de laranja, seu sabonete de limão demarcando seu cheiro onde quer que eu vá. Você e sua teimosia, seu orgulho, seu radicalismo, sua tendência a deixar as coisas se resolverem por si sós, seus sempre adiados planos pro futuro. Você e seu presente olhando pra frente, nunca pra trás, como você mesmo já me disse. Você e seu som perturbador, seu batuque no volante, sua vaidade escondida a sete chaves, seus olhos de bom menino a espera do que virá. Você e tudo de bom que ainda tem pela frente, se depender da minha torcida e de mais uma dúzia de fãs que você deve ter espalhadas por aí.E como eu sei que cartas não mudam nada, não estou aqui com a intenção de alterar o que quer que seja. Porque embora algumas atitudes suas tenham nos afastado e hoje sejamos apenas ‘bons amigos de conversas monossílabas’, acho que ainda tenho a liberdade de te desejar tudo de bom que a vida possa oferecer. E que a Terra do Nunca seja o limite, porque eu descobri no meio desse monte de coisas que você, no fundo no fundo, esconde por trás desses poucos músculos cuidadosamente esculpidos, apenas um Peter Pan tentando ser criança pra sempre.

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