quarta-feira, 31 de março de 2010

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Ei. Vem cá. Chega perto. Senta aqui do meu lado. Eu só queria que você me enxergasse. Pega na minha mão. Percebe como ela está fria? É, eu sou uma boba. Qual das muitas de mim você quer conhecer? A loira bronzeada das tiradas surpreendentes? A moça sisuda escondida atrás dos óculos escuros? A bem resolvida com os cabelos presos em um coque, sentada em posição de yoga em frente ao computador? Ou a despenteada vestida com a camisola de gatinhos tentando escrever bonito no seu caderno colorido? Fala. Eu posso ser outra se você quiser. Eu me adapto facilmente às situações, sabia? Confesso que muitas vezes senti medo de mim mesma. Ah. Pára de me olhar assim. Te assustei, não foi? Eu sabia, sempre assusto todo mundo. Talvez porque eu seja demais. Ó. Esquece. Deve ser efeito do álcool. Mas eu nem bebi nada! Deve ser efeito de mim, mesmo. Você ainda tá aí? Ficou tão calado de repente. Ainda posso ouvir sua respiração, longe demais da minha nuca, longe demais pra eu sentir. Eu só queria querer algo, sabe? Você, ele, aquele cara de amarelo. Mas é tudo falho e repetitivo. Fazer o quê? É a vida. E a Adriana fala toda noite no meu ouvido que o ‘destino sempre me quis só’. Ela. A Calcanhoto. Conhece? Meio dor de cotovelo, né? Eu sei... minha cara. (...) Tenho que ir. Monólogos me dão sono, ainda mais quando o ator principal sou eu. Vou nessa. Você me liga? Ok. Ok. Nada de números. Nada de depois. Conheço bem esse tipo de coisa. Vamos combinar assim: da próxima vez eu te deixo falar. Desde que você não me faça tantas perguntas. Combinado!?

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