sábado, 10 de abril de 2010

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Ontem cheguei cedo em casa, deitei na cama e fiquei olhando pras minhas estrelas de plástico. Há bem pouco tempo atrás elas não estavam ali me fazendo companhia e eu percebi quanta coisa mudou nesses últimos tempos. Andei fazendo trocas inconscientes e quando percebi já havia afastado de mim um sem número de hábitos, coisas e pessoas. Hoje meu telefone não toca mais insistentemente nos finais de semana, meu celular muitas vezes passa o dia desligado, minha caixa de e-mails nunca está lotada e eu tenho produzido mais no colégio. Tenho bem mais amizades virtuais que reais, troquei as baladas alternativas por finais de semana em casa, as conversas jogadas fora por um livro, um filme ou um CD novo, os problemas de outrora pela calmaria da minha paz. Sim, a minha paz. Eu estou bem comigo mesma, estou dando valor a coisas que eu simplesmente ignorava. Tracei minha vida, determinei horários, trabalho quando devo, converso quando quero, escrevo quando preciso. Hoje tenho liberdade de sair do colégio e ir bater perna por aí se estiver com vontade, de andar sozinha pelas ruas e entrar em lojas baratas pra comprar bobagens, comer pastel de carne até doer, tomar umarua diferente pra ir pra casa. Fazer o que eu quero fazer. Os problemas ainda estão lá, é verdade, mas eles agora só me perturbam nos malditos dias de TPM ou quando algum fator externo me faz lembrá-los, coisas que eu não posso controlar. No início foi complicado, eu achei que estava deprimida novamente. Não tinha vontade de sair ou ver ninguém, passava dias inteiros enfiada no quarto lendo, cantando ou simplesmente dormindo e vinha estudar na segunda feira com a sensação de que não tinha feito nada que se aproveitasse de verdade. Os telefones tocavam e eu ignorava. Os convites vinham e eu inventava uma desculpa qualquer. Uma preguiça de viver que me machucava mais do que me fazia bem. As cobranças começaram. Quem realmente se importava me cobrou presença. Um outro tanto simplesmente sumiu após algumas negativas minhas. E foi aí que eu precisei de alguém pra ouvir um texto novo que eu havia escrito, pra ver aquele filme que havia estreado, pra falar das coisas do mundo que pareciam mortas pra mim. Mas eu não movi um músculo. Não fiz qualquer movimento pra mudar isso. Continuei lendo sozinha em voz alta os meus textos novos, ou algum interessante que eu encontrava na net, deixando os filmes de lado, matando ainda mais as coisas do mundo. E o mais engraçado disso tudo é que eu me sentia bem. Eu não sentia falta. O que eu mais queria era ir pra casa no final do dia e assistir a novela das sete e depois ir dormir cedo com o mp4 repetindo a mesma música. Eu me acostumei ao que antes me incomodava e fiz disso a minha nova vida.

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